Jovens em formação educacional expostos a adversidades têm piores resultados de desenvolvimento do que aqueles que não sofrem essa exposição. Contudo, apesar da vasta investigação sobre o comportamento dos jovens, poucos estudos foram realizados sobre os fatores de proteção que contribuem para processos de resiliência. O estudo sobre resiliencia em jovens tem avançado nos ultimos anos, mas nenhum foi realizado com jovens em formação proficional em Portugal e no Brasil. Esta investigação tem como objectivo contribuir para a compreensão das variáveis incluídas no processo de resiliência em jovens em formação profissional observando as semelhanças e diferenças em Portugal e no Brasil, e visa, nomeadamente, a:
(1) analisar as diferenças entre Portugal e Brasil nas variáveis associadas ao processo de resiliência; (2) classificar em clusters/agrupamentos, os jovens em formação profissional em função do fator de risco (acontecimentos de vida negativos) e dos indicadores de ajustamento (autoeficácia académica e autoestima) em Portugal e no Brasil; (3) Explorar possíveis preditores para a autoeficácia nesses jovens, considerando variáveis sociodemográficas, fatores de proteção interna e externa.
O estudo foi realizado em Portugal, a coleta foi realizada em 22 centros de formação profissional, tendo sido administrados questionários de autorrelato junto a 1362 jovens (48,9% do total da amostra), sendo 40,02% do género masculino e com idade média de 17.02 anos (DP = 1.70). No Brasil, participaram 1421 estudantes (51,1% do total da amostra) do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) e escolas pertencentes à Política de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, sendo 50,7% do género feminino, com média de idade de 17.96 anos (DP = 2.58).
O contexto social foi estudado por meio de duas variáveis: (I) habilitações literarias dos pais; (II) Inventario de acontecimento de vida negativo. Os resultados exploram as diferenças e semelhanças inter e intraculturais nas variáveis relativas ao processo de resiliência, sugerindo aqueles que podem ser os processos específicos que promovem um bom ajustamento diante das adversidades vivenciadas pelos jovens em formação profissional. O estudo reforça a importância de se promover fatores de proteção em jovens nos cursos de formação profissional em Portugal e no Brasil, também contribuir para uma maior compreensão dos jovens com baixas qualificações escolares. Pode nortear programas de intervenção social, ao identificar os principais mecanismos que favorecem uma adaptação positiva perante os fatores de risco desta população – trajetórias de resiliência. Para além de contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e educativas que promovam a empregabilidade e aprendizagem ao longo da vida de jovens em situação de insucesso e/ou risco de abandono escolar.
DOI: 10.63330/livroautoral92025-
ISBN: 978-65-83849-14-4
Ano de publicação: 2025
Numero de páginas: 1-226